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www.portalsucesso.com.brto de dar este importante passo. Vamos fazer tudo com muita
calma, estudando as situações", diz. A idéia é gravar um disco em
espanhol, puxado por quatro faixas do álbum em português lan-
çado em outubro – que mais uma vez tem base de funk, mas ex-
plora outras sonoridades. "Estamos fazendo as versões e montan-
do o repertório. Por outro lado, estamos definindo quem será o
manager da artista para o mercado externo", explica.
Assim como "emoldurou" e deu um upgrade na carreira de
Anitta, a Warner de Sergio Affonso repetiu a fórmula para po-
tencializar a carreira de Ludmilla. "Pra mim, Ludmilla pode ser
considerada uma diva. Além de cantar muito, ela é carismática e
irreverente. Aliás, essa irreverência foi o que mais me chamou
atenção desde o início, quando ela ainda era MC Beyoncé", afir-
ma Sergio que na sequência contratou os também funkeiros Du-
duzinho e, mais recentemente, Biel. "Cada um deles tem suas
próprias características, mas uma coisa todos tem em comum:
letras sem palavrões ou apologia às drogas ou armas. O funk tem
que ter atitude, mas precisa acima de tudo entreter", analisa.
› APOSTAS DIVERSAS
Apesar da boa performance do funk desde que Sergio Affonso
retornou à companhia, a matriz da Warner chegou a cogitar, em
2012, o fechamento do A& R da unidade brasileira. Foi quando
Affonso anunciou sua saída. "Não fazia sentido ficar na casa sem
poder trabalhar produtos, apostar em novos talentos", afirma.
Nos últimos anos, além do êxito com os funkeiros e nomes con-
sagrados da companhia, como O Rappa e Buchecha, Affonso
vem investindo em outros artistas, através do lançamento de
EPs. É o caso de Bianca Chami (MPB),Dienis e Joyce Cândido
(samba), Paula Mattos (sertanejo) e Tiê – que no momento toca
em todo o país graça ao hit
A noite
, tema principal da novela
I
love Paraisópolis
. "Tiê é uma lutadora. Estamos há alguns anos
trabalhando sua carreira,por isso é uma alegria para a companhia
participar deste sucesso", comenta. Sergio fala sobre a escolha de
A noite
para o repertório da artista. "Essa música tinha sido lan-
çada na Itália. A melodia era linda, mas a letra não tinha muita
força. Quando mostramos a gravação original para a Tiê, sabía-
mos que ela faria uma versão sensível e poética e que, se gravas-
se, a música faria sucesso", afirma.
Sergio vai além e emenda com uma análise do setor da música:
"Adoro e respeito o gênero sertanejo, que representa mais de 70%
do nosso mercado, mas torço para que artistas de outros gêneros
despontem. A MPB precisa se renovar, buscar novidades. Tiê é
nossa aposta.Ela não ficoumelhor porque entrou na novela.Ape-
nas ficou mais conhecida, fato que ajuda a promover não só sua
carreira mas o tipo de música que ela faz". Além de Tiê, Sergio
cita com entusiasmo os trabalhos do jovem Ferrugem ("sambista
que é unanimidade entre bambas como Arlindo Cruz") e dos
sertanejos Rachid Camargo e Paula Mattos.
Com o incremento do cast local, a unidade brasileira da mul-
tinacional ajustou as planilhas de faturamento, historicamente
montadas com base sobretudo no catálogo internacional. Hoje,
40% da receita da Warner Music Brasil refere-se a produtos
nacionais, percentual bem maior do que o registrado em outros
tempos. "Nosso catálogo global é realmente forte.Temos nomes
que vendem muito, como Ed Sheeran, Bruno Mars, Iron Mai-
den, Michael Bublé e David Guetta. A riqueza do catálogo nos
permite apostar em nomes locais", diz Affonso. A propósito,
neste final de ano sua companhia lançará títulos de artistas
como Coldplay, Seal, Laura Pausini, Maite Perroni e reedições
de David Guetta e Ed Sheeran. Entre os lançamentos nacionais
previstos estão Buchecha e um projeto envolvendo DJ Tubarão
nos moldes dos já lançados por Calvin Harris, David Guetta e
outros DJs-produtores. "Trata-se de um formato inédito por
aqui. Não é uma compilação. São versões criadas por Tubarão e
gravadas por artistas diversos", informa.
De acordo com o executivo, o foco principal da empresa no
momento é investir no digital, setor que deve fechar 2015 respon-
dendo por mais de 50% de suas vendas. "Temos parcerias com
várias plataformas e consideramos as possibilidades de todas elas.
Além do streaming, nossa receita com ringbacktones e downloads
é muito boa", afirma ele. "O digital trouxe questões importantís-
simas ao mercado. Não apenas a possibilidade de monetizar, mas
sobretudo mudanças na maneira de promover a música. O surgi-
mento do digital foi o fato mais relevante que eu presenciei em
todo meu tempo de indústria. O artista pode se promover com
mais facilidade através das plataformas e redes sociais. Se não tem
a TV pra mostrar seu trabalho, posta um vídeo, que pode viralizar
e alavancar sua carreira. Eu mesmo achei Anitta, Ludmilla, Biel e
outros nomes na internet", enfatiza. Quanto ao formato físico, ele
acredita que continuará perdendo força, estacionando, em três
anos, no patamar de 25% dos negócios da companhia.
FERRUGEM,BIELETIÊ
SAMBISTAEFUNKEIROESTÃOENTREASNOVASAPOSTASDOEXECUTIVO; TIÊDEIXOUESSACONDIÇÃOAOEMPLACAROMEGAHIT
ANOITE
WASHINGTONPOSSATO
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