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or
T
homaz
r
afael
A
lém da voz marcante e do talento para compor, Kiko
Zambianchi se destacou no início da carreira, nos anos
80, também pela insistência.Após o sucesso dos singles
Rolam as pedras
e
Choque
, de seu primeiro LP, o artista ouviu de
um executivo da gravadora EMI que tal disco "havia acabado".
"Eles já queriam gravar o próximo, mas eu acreditava muito
numa terceira faixa daquele álbum", lembra.
O jovem de Ribeirão Preto, então com 24 anos, decidiu ir de
rádio em rádio com o LP na mão. "De artista, passei a divulga-
dor (risos). Minha sorte é que a 97FM, de Santo André, que
começava a ditar regra entre os roqueiros, topou tocar. Outras
rádios foram na onda e a música aconteceu em todo o país",
orgulha-se. A canção em questão era
Primeiros erros
.
Damos um salto de mais de 30 anos no tempo e chegamos
aos dias atuais, com o músico, agora cinquentão, mostrando a
mesma personalidade forte no discurso. Já a empolgação com
discos e divulgação é bem diferente. "Não vale mais a pena gra-
var CD. Um álbum agora passaria em branco. As pessoas con-
somem menos. Sem falar que não encaro mais aquela correria
de divulgação aqui e ali, aquela confusão tão legal quando somos
jovens. Quero continuar escrevendo minhas canções, mas lan-
çando uma de cada vez, pela internet", afirma.
A paixão pelo palco, no entanto, continua intacta. "Acho que
uma vantagem que tenho é que meu público independe de mú-
sica nas paradas. E a emoção de tocar pra esse público é a mes-
ma de sempre. Às vezes só eu e meu violão, às vezes com uma
formação em trio e, claro, também com banda", conta. Seja qual
for o formato, os shows sempre trazem inúmeros hits. Sucessos
da carreira e ainda composições autorais gravadas por nomes
como Zizi Possi, Marina Lima, Erasmo Carlos, 14 Bis, Ira!,
Capital Inicial, Luiza Possi, Paulo Ricardo e até o rapper norte-
-americano Lil Scrappy.
Curiosamente, no entanto, o maior hit de Kiko foi uma regra-
vação em português de
Hey Jude
, dos Beatles. A versão (escrita
por Rossini Pinto) foi gravada especialmente para a novela global
Top model
, grande sucesso no biênio 89/90. "A música tocou tan-
to que nem eu me aguentava", brinca. Apesar do estouro, Kiko
diz ter usufruído pouco da popularidade alcançada à época.
"Aproveitei mal o momento, dando uma sumida proposital de-
pois de tanto sucesso. Eu nem imaginava que a música brasileira
mudaria tanto a partir de então. Veio a febre do
Pense em mim
(Leandro & Leonardo) e nunca mais o rock teve o mesmo espa-
ço.As bandas dos anos 80 foram acabando e quase não havia mais
rádio tocando rock. Estranho demais", lamenta.
Se a década de 90 não foi marcante, o início dos anos 2000 foi
ótimo. Kiko aceitou um convite do Capital Inicial para tocar vio-
lão na gravação do DVD
Acústico MTV
, com direito a regravação
de
Primeiros erros
para o projeto.A música estourou de novo e ele
acompanhou o grupo na estrada por três anos e meio. O músico
MUITOS
ACERTOS
!
KIKOZAMBIANCHI
MANTÉM-SENAESTRADACOMVÁRIOSFORMATOSDESHOWS,
COMPÕECOMFREQUÊNCIA E NÃODESCARTAOLANÇAMENTODEBIOGRAFIA
participaria ainda nos vocais e com uma nova composição (
Como
devia estar
) do álbum seguinte da banda,
Rosas e vinho tinto
.
› TRABALHODEMÚSICO
Era hora então de retomar a carreira solo. Kiko gravou o CD
Disco novo
, pela Abril Music, mas não conseguiu divulgá-lo, já
que a gravadora fecharia logo depois.Nesta mesma época, passou
a trabalhar em parceria com o produtor americano Aaron Shay-
man, mais conhecido como Disco D. Kiko fazia bases de guitar-
ra e o produtor as sampleava. "Foi um trabalho de músico. Fize-
mos coisas legais, inclusive o tema do
Hip hop honours
, especial
anual do canal deTV americanoVH1". Paralelamente à parceria,
que durou até 2007, Kiko escreveu trilhas para peças de teatro,
além de seguir compondo suas canções. Algumas inéditas apare-
ceram no projeto
Acústico ao vivo
, gravado em 2013, em Ribeirão
Preto. O áudio está disponível no YouTube, mas Kiko preferiu,
pelo menos por enquanto, não lançar o DVD.
Neste final de ano, Kiko teve mais uma canção gravada pelos
amigos do Capital. "Está no novo projeto deles. Não ouvi a gra-
vação,mas encontrei outro dia o Yves Passarel, guitarrista da ban-
da, que disse ter adorado o resultado". Quanto a futuros projetos,
o músico prefere ter calma, destacando que sua maior diversão
segue sendo "tocar o dia todo". Além de fazer muitos shows.
Porém, não descarta a ideia de escrever uma biografia. "Tenho
muita vontade, mas preciso de concentração pra começar. Nesses
anos todos, acumulei histórias interessantes, algumas bem diver-
tidas. Na estrada, nos estúdios, na TV... Gostaria de contar tudo,
sem censura. Dos ‘primeiros erros’ aos mais recentes acertos (ri-
sos)", revela. Ficamos aguardando!
DIVULGAÇÃO
ARTISTAGRAVOU
PROJETO EM VÍDEO
EM2013, COMFAIXAS
INÉDITAS,MAS
APENASOLANÇOU
PELA INTERNET