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mercado

P

or

T

hiago

M

ouraTo

A

Federação Internacional da Indústria Fonográfica

(IFPI) e a Associação Brasileira dos Produtores de Dis-

cos (ABPD) divulgaram em abril seus relatórios sobre o

mercado fonográfico em 2015. Em nível mundial, foi registrado

um aumento de 3,2% no consumo de música gravada em relação

a 2014. Já no Brasil, tivemos um crescimento de 10,6%. As gran-

des estrelas desses números são as plataformas digitais, principal-

mente os polêmicos serviços de streaming, como Spotify, Deezer

e Apple Music. Amados pelos usuários, eles são muito questio-

nados por uma parte da indústria. A principal queixa está no

valor que esses players pagam por cada música reproduzida.

› REAÇÃOMUNDIAL

No total, o mercado global registrou um faturamento de US$ 15

bilhões em 2015. Esse foi o maior aumento desde 1998, época

em que as vendas de CDs ainda engordavam os cofres das majors.

Porém ainda é um valor bem abaixo do recorde registrado em

1999, quando as vendas mundiais atingiram a marca de US$ 23

bilhões. Foi justamente naquele ano que surgiu o Napster, serviço

de compartilhamento de músicas através da internet que contri-

buiu para uma mudança rápida nas regras do jogo.

Desde então, as vendas de álbuns físicos entraram em declínio

constante, tendência que se repetiu em 2015. Falando em ter-

mos internacionais, no ano passado houve queda de 4,5% nas

vendas físicas. Paralelamente, o digital cresceu 10,2%, represen-

tando mais da metade do faturamento em 19 países, entre eles

o Brasil.Os serviços de streaming são os principais responsáveis

por esse avanço. O número de assinaturas “premium” cresceu

65,8% no ano passado, alcançando 68 milhões de assinantes.No

Números

ANIMADORES

RelatóRiosdivulgadospela iFpi e

aBpdmostRamcRescimentodo

meRcadoFonogRáFicoem2015 e

RealçamFoRçadosseRviçosde

stReamingnosegmentodigital

total, players como Spotify, Deezer e Apple Music tiveram um

aumento de 59% nas receitas, somando-se os planos pagos e

aqueles gratuitos, que remuneram através de publicidade. O fa-

turamento chegou a US$ 2,3 bilhões. O maior serviço de stre-

aming do mundo continua sendo o Spotify, com mais de 30

milhões de assinaturas pagas.

Apesar de ser o segmento a registrar o maior crescimento em

relação ao ano anterior, o streaming ainda fica atrás das plata-

formas de download no volume de receitas geradas. Lojas vir-

tuais como o iTunes venderam US$ 3 bilhões em 2015, núme-

ro que só não é mais animador porque representa redução de

10,5% em relação a 2014. Fica claro que o streaming é mesmo

a bola da vez quando o assunto é consumo de música. A cada

ano que passa,mais pessoas vão se acostumando a essa forma de

ouvir música na qual elas não possuem, de fato, aquele conteúdo.

Uma vez que deixem de pagar a assinatura ou cancelem a ins-

crição no serviço, não terão mais acesso às músicas.

Segundo o relatório do IFPI, entre os grandes desafios dessa

nova era está o de tornar a remuneração desses players mais justa.

Em entrevista à revista norte-americana The Economist, Peter

Mensch, agente de bandas como Metallica e Red Hot Chili

Peppers admite que o Spotify apresenta resultados satisfatórios.

Porém, o faturamento ainda está longe dos US$ 2 por álbum da

época em que os discos físicos dominavam o mercado. O outro

desafio está no altíssimo número de pessoas que ainda consomem

música de graça na internet – o YouTube aparece como principal

plataforma desse público. Apesar do YouTube também remune-

rar os criadores de conteúdo com base nas receitas com publici-

dade, esse valor ainda está longe do ideal. Segundo a IFPI, 900

divulgação

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JORGE&MATEUSEMAROON5

DUPLAFOI ONOMEMAISOUVIDONO

SERVIÇODESTREAMINGSPOTIFYNOBRASIL,

SEGUIDODABANDANORTE-AMERICANA

milhões de pessoas ouvem

músicas através desse tipo de

site.Mas esses serviços geram recei-

tas de apenas US$ 634 milhões. Isso se deve, principalmente, por

conta do conteúdo que não é licenciado corretamente.

› STREAMINGDOMINANOBRASIL

Somando físico e digital, o mercado fonográfico brasileiro au-

mentou mais que o triplo em relação ao mundial no ano passa-

do. O aumento de 10,6% empolga, principalmente se levarmos

em consideração que passamos por um período atípico. Em

uma época de recessão econômica, as pessoas tendem a cortar

gastos considerados supérfluos – entre os quais se incluem mo-

dalidades de entretenimento. Isso indica que, com a economia

aquecida, o resultado seria ainda melhor.

Assim como no resto do globo, por aqui o mercado digital

puxou essa impulsão, com 45,1% de crescimento. No Brasil, as

receitas com vendas digitais já representam 61% do total. Em

2014, as coisas estavam mais equilibradas, com o digital sendo

responsável por 48% do bolo.

Repetindo a tendência mundial, as vendas físicas tiveram um

recuo de 19,3% em relação ao ano anterior. As receitas com ven-

das de CDs diminuíram 15%, caindo de R$ 169 milhões em

2014 para R$ 143,7 milhões no ano passado.No mesmo período,

as vendas de DVDs tiveram queda de 28%, de R$ 82,1 milhões

para R$ 59 milhões. Como se pode ver, CDs ainda representam

70,89% do mercado físico, contra 29,11% dos DVDs.

No digital, os downloads de músicas avulsas e álbuns com-

pletos se mantiveram praticamente estáveis no ano passado,

registrando um aumento de 0,2%. O segmento representa 20%

das receitas com música digital. Ao contrário do que acontece

em nível mundial, no Brasil o streaming já é o principal seg-

mento dentro do digital. Os players são responsáveis por

65,62% do faturamento com música através da internet. O vo-

lume gerado por esses serviços chegou a R$ 207,7 milhões em

2015, contra R$ 111,4 milhões em 2014.

Um dado interessante está no número de pessoas dispostas a

pagar para ouvir música online no país. Segundo o relatório da

ABPD, as receitas com assinaturas pagas de serviços de strea-

ming atingiram R$ 112,3 milhões em 2015. Enquanto isso, o

faturamento com as modalidades gratuitas, remuneradas através

de publicidade, chegaram a R$ 95,4 milhões. Esse resultado re-

presenta uma grande virada em relação a 2014, quando R$ 73

milhões vinham da publicidade, restando ape-

nas R$ 38,4 milhões para as assinaturas “pre-

mium”. “Os números divulgados pela ABPD

demonstram que o mercado brasileiro segue

a tendência do resto do mundo, com o setor

digital sendo determinante para seu cresci-

mento e já representando a maior parte de

suas receitas”, afirma Paulo Rosa, presidente

do órgão. "E mesmo em meio à crise econômi-

ca, confirma a tendência dos últimos anos, que já

apontava para um gradual amadurecimento do mer-

cado de distribuição de música em meios digitais, com

diversidade e consistência de modelos de negócio e cada vez

mais consumidores participando do mercado formal".

Falando especificamente do Spotify, o serviço ratifica o ser-

tanejo como principal gênero musical do Brasil na atualidade.

No cômputo geral, Jorge & Mateus foram os artistas mais ou-

vidos do player no país em 2015, enquanto Henrique & Juliano

fecharam o ano na terceira posição. O restante do Top 5 é for-

mado apenas por artistas do pop internacional: Maroon 5 (2º),

Calvin Harrris (4º) e Ed Sheeran (5º). Entre as mulheres,Anit-

ta é a única brasileira no Top 5, ocupando a quarta posição. A

liderança ficou com Rihanna, seguida por Beyoncé e Ariana

Grande. Katy Perry aparece em quinta.

A lista dos cinco álbuns mais ouvidos do player é liderada

pelo último trabalho de estúdio de Jorge & Mateus,

Os anjos

cantam

. Tiê é a outra representante brasileira no Top 5, com o

EP

A noite

ocupando a quinta colocação. Além da versão origi-

nal da música, o trabalho ainda conta com dois remixes e a

faixa

Isqueiro azul

. O Top 5 fica completo com

Stories

(Avicii,

2º),

Beauty behind the madness

(The Weeknd, 3º) e

Peace is the

mission

(Major Lazer, 4º).

Fechando os números do mercado digital no Brasil, temos as

receitas com telefonia móvel. Foram R$ 43 milhões em 2015

contra R$ 41 milhões no ano anterior. Os números demons-

tram um aumento de 4,9% no período, dado que também pode

ser comemorado. Os valores para colocar uma música como

som de chamada variam entre as operadoras.

OPRESIDENTEDAABPD, PAULOROSA

NOBRASIL,SEGMENTODIGITALESTÁAMADURECENDO,COMCADA

VEZMAISCONSUMIDORESPARTICIPANDODOMERCADOFORMAL

Fotos:divulgação

divulgação